Os mudras nas mãos do Gautama Buda
Mudra é uma palavra que tem origem no sânscrito e significa literalmente "selo"; é apresentado como gesto, posicionamento místico das mãos ou como símbolo. São posturas feitas com as mãos – juntas ou individualmente –, com os dedos ou o corpo, e representam determinados estados ou processos da consciência. Mais ainda, podem levar aos estados de consciência que simbolizam.
A linguagem dos mudras
Mudras são um tipo de comunicação não verbal. Sua composição é baseada em certos movimentos dos dedos, constituindo uma forma estilizada de comunicação. Embora baseado em "gestos", eles retêm a eficácia da palavra "pronunciada". No budismo e no hinduísmo representam os gestos simbólicos e atributos das divindades, assim como servem para evocar os seus poderes. Contribuem ainda para gerar um estado de espírito adequado para a meditação.
Os mudras são identificados nos delicados gestos feitos com as mãos de mestres e sábios de todo o mundo, e assim reafirmam seu forte caráter simbólico. Podem ser vistos na dança indiana, na iconografia hindu, nas mãos do Buda, nos rituais tântricos, no Hatha-Yoga, e no Ocidente, como gesto de oração ou de expressão cotidiana.
No ocidente
No Ocidente, o gesto de unir as mãos, acompanha a oração do crente que agradece, louva, procura ajuda ou pede perdão de seu deus. O gesto de Jesus falando, em que o polegar, o indicador e o dedo médio estão esticados e o anular e o dedo mínimo tocam a palma da mão, é chamado de gesto do Logos, simbolizando Cristo como filósofo. Mais tarde, a Igreja passou a utilizar este sinal como referente à autoridade do dogma cristão.
De um modo geral, o número de movimentos de que as mãos são capazes de executar é quase tão grande como o das palavras. Montaigne, no século XVI escreveria: "e quanto às mãos? Pedimos, prometemos, chamamos, despedimos, ameaçamos, rezamos, suplicamos, negamos, recusamos, interrogamos, admiramos, nomeamos, confessamos, arrependemos-nos, tememos, envergonhamo-nos, duvidamos, instruímos, ordenamos, incitamos, encorajamos, juramos, testemunhamos, acusamos, condenamos, absolvemos, injuriamos, desprezamos, desafiamos, desapontamos, lisonjeamos, aplaudimos, abençoamos, humilhamos, zombamos, reconciliamos, recomendamos, exaltamos, festejamos, celebramos, lamentamos, [...] calamos; e o que [mais] não?" (Montaigne (Ensaios II, XII)). As mãos servem ainda como elemento que difere os homens dos animais, como instrumento de trabalho, dotado da capacidade de construir coisas.
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